terça-feira, 10 de agosto de 2010

Os Anjos e Os Demônios de Mariana Ximenes


Escuta aqui, sua piranha!", Mariana Ximenes grita, em fúria. A face está transtornada. O dedo está em riste. Estamos na Itália, e ela solta bichos diante de sua antagonista - no caso, uma prostituta -, mais uma entre as várias mulheres com quem a loira de cabelos cacheados e cara de anjo se confrontou nos últimos meses.

A Itália é cenográfica, o confronto em questão, fictício. Mariana Ximenes é Clara, a protagonista de Passione, novela das 8 da Rede Globo escrita por Silvio de Abreu. É a primeira experiência dela como vilã, após anos incrementando o currículo com mocinhas chorosas, garotas-problema, mulheres de personalidade forte. Má índole, boca suja com sexualidade à flor da pele, Clara é um mergulho de impacto na fulminante trajetória da atriz paulistana de 29 anos. "A inveja, a raiva, a ganância - é catártico se envolver com isso", ela exulta. "São sentimentos que eu, como Mariana, não acho bom ter contato. Mas é legal por causa do personagem."

Horas antes, Mariana já havia me dado sinais de como se desenvolveria a sequência a que eu assistiria ao vivo naquela noite. "Hoje tenho uma cena que você vai ver", ela comenta, ao volante do carro. Em um átimo de segundo, parece ligar um botão imaginário no cérebro. As mudanças nas feições perfeitas e amenas são imperceptíveis, mas estão lá. "Escuta aqui, sua piranha!", ela impõe o tom de voz vulgar característico da personagem. "Olha aqui, sua vagabunda!" Saindo do transe como que num estalo, complementa: "E tem outra fala que é engraçada: 'Pra ser vigarista é preciso talento'".



Figura central da novela mais assistida da TV brasileira na atualidade, profissional querida nos corredores da maior emissora do país, Mariana se vê em uma posição única na carreira que construiu com um misto de sonho de infância, planejamento, senso de oportunidade e pitadas de acaso. "Sempre desejei o ofício de ser atriz. Fazer personagens diferentes, trabalhar com pessoas bacanas que me instigassem, provocassem, ensinassem."

Aquela quinta-feira de trabalho começou às 14h30 para Mariana, com um encontro marcado para um restaurante/café próximo à sua casa, no bairro carioca da Gávea. Ela chega 30 segundos após o horário, sorridente sem parecer esbaforida, desligando os dois celulares para não ser incomodada. Nem precisaria. A mesa escolhida por mim, em um canto próximo ao banheiro, não parecia fazer parte da área de cobertura das operadoras de celular do Rio de Janeiro. Ela é naturalmente vistosa, mesmo sem maquiagem, e não parece tão alta quanto na TV (tem 1,65 metro). É magrinha, veste jaqueta, calças confortáveis (algo entre jeans e traje de ginástica), tênis e camiseta em que se lê "Elvis". "Vim inspirada", aponta a estampa, indicando que a ideia veio de um documentário sobre Janis Joplin que assistira na noite anterior. "A Janis me toca. É tão libertária a maneira de ela falar as coisas."

Habitual da casa, Mariana pede pão com manteiga e café. Recomenda para mais tarde um bolo de laranja de que é fã e avisa que temos até as 15h30. Depois, iremos nos deslocar sem pressa até o Projac, o centro de produções da Globo, onde irá gravar suas cenas do dia.

Para falar sobre o presente, um caminho possível é retornar ao passado. Mariana começa me dizendo que a mãe (Fátima) é fonoaudióloga, e que a preocupação de colocar bem a voz sempre fez parte de sua busca como atriz. "Ainda mais esse personagem que tem tantas modulações e facetas", ela fala sobre Clara. "Faceta" parece ser uma boa palavra para utilizar em se tratando do ofício de Mariana Ximenes. Comento que se um desavisado assistisse à Passione pela primeira vez no dia anterior acharia que a personagem de Mariana é "do bem".

"É uma delícia ouvir isso", ela sorri. Me soa sincera.



Ninguém nos interrompe, uma atitude praxe do carioca acostumado a conviver com estrelas globais, mas o casal da mesa ao lado parece prestar atenção ao discurso da atriz, mesmo em volume baixo e tom relaxado. Não consigo distinguir o quanto de paulista ainda resta em seu sotaque. Ela arrasta o "r", percebo, um sinal inevitável dos quase 12 anos morando na cidade.

"Olha. Esse aqui foi handebol", ela me mostra rapidamente o dedo levemente torto da mão esquerda, consequência de uma bolada jogando na adolescência.

Mariana viveu a infância em uma rua de paralelepípedos no bairro da Vila Mariana em São Paulo, poucas casas distante da residência da avó. Nascida em 1981, ela é um exemplar de uma geração que cresceu acostumada a brincadeiras de rua (com o irmão, Rafael), a pesquisas escolares em enciclopédias e não assim tão confortável ao uso do computador. O primeiro endereço de e-mail - "um hotmail" -, fez só aos 19, 20 anos. "Não tenho Twitter nem Facebook, e até acho que deveria aderir, mas ainda não me organizei pra isso." Mariana hesita antes de prosseguir - a primeira vez de muitas ao longo do dia. "Penso na minha privacidade, para mim e meus queridos. Esses veículos expõem muito. O privado é tão nosso, né? Nossa individualidade é tão preciosa."



Fica claro que a vida pessoal é o principal tabu em se tratando de destrinchar a pessoa pública que é Mariana Ximenes. E ela mesma se adianta em explicar, como que avisando o que eu poderia esperar dela. "Nos meus personagens, eu faço tudo: eu choro, eu faço sexo, eu sofro, eu grito, sinto raiva. Tudo. Agora, me parece excessivo fazer isso também na vida pública."

"Tem mais uma manteiguinha?", ela pede ao garçom.

Para amenizar, relato a ela nossas coincidências de vida. Também cresci no mesmo bairro, frequentei uma escola próxima da dela (estudou a vida toda no tradicional Arquidiocesano), participamos das mesmas olimpíadas intercolegiais. É a deixa para ela mencionar a vida estudantil pouco errática. Nunca levou suspensão, mas também não era a melhor aluna. "Era uma escola rígida. No último ano eu já fazia novela, e eles falaram que se eu perdesse mais um dia, iria repetir de ano." Só ficou de recuperação no colegial. "Em química", diz, mordendo o pão quente. "Até hoje me pergunto: física a gente até usa. Mas química?" Da experiência escolar, aproveitou as aulas de literatura e imaginava cenas de dramaturgia com personagens históricos. Ela também relembra a facilidade com desenho e artesanato e que, quando criança, mobilizava a família para assistir às peças que montava. O pai, José Nuzzi Neto, é advogado, mas estimulou o gosto pelas artes dentro de casa.

"Falando isso, me veio outra imagem", e ela relata o exercício que faz para mergulhar em um personagem. "Quando tenho que falar da minha vó na novela, penso na imagem dela. É tão mais fácil o canal. Em vez de ficar presa ao texto, vou pras imagens que ele sugere."

"Vou querer meu bolinho. Vamos dividir?" Agilizada, vai ela mesma fazer o pedido no balcão do restaurante já vazio. E sob protesto, permite que eu pague a conta.

O tucson preto desliza pela úmida e sinuosa Via Niemeyer. Mariana dirige com cuidado displicente, admirando a paisagem e segurando o volante com uma mão só. O tempo está nublado, o que dá uma coloração acinzentada - mas não menos admirável - para as ondas que quebram sem descanso.

"Olha que lindo, olha que lindo!", ela indica o mar calmo pelo lado esquerdo de sua vista, concordando que minha escolha pela rota mais longa havia sido acertada. "Nublado é outra paisagem. Não acho triste. É diferente", diz. "É uma das vantagens de se morar no Rio."

Diariamente, Mariana percorre sozinha os 20 e poucos quilômetros que separam a Gávea do Projac, onde bate cartão às vezes até nos fins de semana. A viagem de quase uma hora de duração nunca é realizada em silêncio: ou ela canta um dos 50 CDs espalhados desorganizadamente pelas cavidades do carro, ou aquece as cordas vocais com exercícios, ou reproduz os textos das cenas que irá gravar. Naquela tarde - "atípica", diz ela -, serão apenas duas cenas. Na sexta-feira, serão 28.

Você lê esta matéria na íntegra na edição 47, agosto/2010 da revista "Rolling Stone Brasil".

Fotos:
ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA: RENATA TEREPINS E PEDRO BONACINA. TRATAMENTO DE IMAGEM: RG IMAGEM. ASSISTENTES DE BELEZA: ALEKSANDER SNOVIKOFF E ADALBERTO ALVES. MANICURE: JULIANA BUENO/CAPA MANAGEMENT. MARIANA VESTE TOP EM LATEX E CRISTAIS SWAROVSKI ACERVO HERCHCOVITCH;ALEXANDRE, CALCINHA EM LATEX ROPAHRARA, SAPATO EM COURO FERNANDO PIRES. CHIFRES EM LATEX ACERVO HERCHCOVITCH;ALEXANDRE

Entrevista com a Mariana, na Caras.



Reservada quando o assunto é vida pessoal, Mariana Ximenes é só sorrisos. A bela vive um dos melhores momentos de sua carreira e está orgulhosa de seu papel na novela Passione, de Silvio de Abreu, em que faz a maldosa Clara. "Estou adorando interpretar a Clara. Ela é completamente dissimulada!".

Essa é a primeira vilã da vida da atriz. Aliás, que vilã! A cada dia, Clara se supera nas maldades cometidas contra o personagem Totó, interpretado por Tony Ramos. Para Ximenes, essa foi uma grande oportunidade de mostrar suas faces como artista, e exercitar isso com grandes nomes da teledramaturgia, como Tony, Aracy Balabanian, Fernanda Montenegro e Reynaldo Gianecchini, que, para ela, tem sido um superamigo e colega de elenco. "Ele é um superparceiro, muito competente, generoso, tem um cuidado enorme comigo".

Quem também a vê na telinha, além de perceber seu talento, viu que a bela emagreceu bastante. Aos 29 anos, ela está um pouco diferente da delicada Aninha, de Chocolate com Pimenta, uma das tramas que a lançou para o esperado sucesso.

O segredo de seu corpo perfeito, ela revela em entrevista ao Portal CARAS, assim como muitas outras curiosidades, como se posaria nua ou não, e como consegue encontrar a harmonia entre sua vida pessoal e o trabalho. Namorando desde novembro passado o empresário Santiago Bebianno, affaire que começou meses após terminar seu casamento de oito anos com Pedro Buarque de Hollanda, ela desconversa quando o tema é o romance. Confira trechos da conversa:

- Está gostando de interpretar a Clara, sua primeira vilã em telenovelas?

- Estou adorando interpretar a Clara. Ela é completamente dissimulada, é muito bom poder fazer várias caras, bocas. A Clara tem várias facetas. E está sendo maravilhoso contracenar Tony Ramos, Aracy Balabanian, Fernanda Montenegro, um elenco primoroso. O Silvio de Abreu que escreve os personagens tão bem escritos. Uma dramaturgia tão interessante, que é um prato cheio para qualquer atriz.

- Tem algum outro ator que vai encontrar no decorrer da novela que gostaria de contracenar?

- Estou doida para contracenar com a Irene Ravache. Ela está superdivertida. Não sei quando os dois núcleos vão ser encontrar, mas é uma atriz que eu admiro muito.

- E contracenar com o Reynaldo Gianecchini?

- Ele é um superparceiro, muito competente, generoso, tem um cuidado enorme comigo. Estava com saudade de cruzar com ele e finalmente nossos personagens voltam a brigar um pouquinho nos próximos capítulos.

- Você acabou de estrelar uma campanha supersensual para a Arezzo com o Reynaldo e a Maitê Proença. Gostou do resultado? Como foi fotografar com eles?.

- Eu achei o maior barato trazer o universo da novela. Mas nas fotos é o Gianecchini, a Mariana e a Maitê que estão ali interpretando um personagem. Mas teve algo da novela, porque tem algo de mistério nas fotos, o que vemos na novela também.

- As fotos estão supersensuais mesmo. Sentiu vergonha em algum momento? Para você é fácil fazer personagens sensuais?

- Não senti, estava com profissionais e para mim é normal interpretar uma mulher sensual, como qualquer outro.

- Já pensou em posar nua ou já foi convidada?

- Por enquanto não. Não sei se posaria ou não. Não posso falar do futuro.

- Já viu o ensaio da atriz Cleo Pires? O que achou?

- Ainda não vi, mas eu quero ver. Ela é lindíssima, já trabalhei com ela, sou amiga dela, admiro muito seu trabalho e ela é uma mulher linda. E confio muito nela.

- Você emagreceu para fazer essa novela. Teve alguma preparação especial?

- Emagreci um pouco. Uma hora e meia todo malhação todo dia. Fiz 40 minutos de aeróbico e uma hora de musculação. Eu emagreci um pouco mais porque a ginástica ajuda a dar um tônus muscular que eu nunca tinha tido.

- Como vai o namoro?

- Vai bem.

- Hoje você é uma das atrizes mais respeitadas da sua geração. Como faz para alcançar essa harmonia tanto no trabalho como na vida pessoal?

- Eu não tenho uma estratégia, nem uma fórmula. Eu simplesmente vivo de acordo com as coisas que eu acredito. Eu tento manter a minha privacidade, tento não ter muito contato com a mídia e com a imprensa ou com o público, porque isso é uma troca importante. Tem que ter uma medida um equilíbrio entre a sua privacidade, a sua individualidade. Eu trabalho em um veículo de massa, não tem jeito, a gente lida com muitas pessoas. Acho que ser sincera e autêntica é muito importante. Não dá para você montar um personagem e manter por muito tempo. Se você é autêntica com o tempo as coisas aparecem.

Fonte: CARAS

Mariana Ximenes deve protagonizar filme de humor negro

Mariana Ximenes será a produtora executiva e protagonista do filme "Um Homem Só", informou a colunista Mônica Bergamo na “Folha de S. Paulo” desta segunda-feira (2). O longa-metragem tem roteiro de Claudia Jouvin, que também assina o texto da série "A Grande Família", exibida às quintas na TV Globo.

Segundo o jornal, o filme tem como sinopse uma fábula de humor negro sobre "o medo da perda e questiona a identidade no mundo contemporâneo".

O que mexe com Mariana Ximenes



Você poderia imaginar que, linda e esbelta, Mariana Ximenes adora feijoada? Ou que, com 1,65 m, a atriz adorava jogar basquete na época do colégio? Hoje estreamos uma novidade nas matérias de bastidores do site de Passione. Como a novela é recheada de personagens apaixonados, resolvemos investigar quais são as paixões do elenco da trama. Para começar com o pé direito, a atriz que brilha na pele de Clara define, em poucas palavras, o que mexe com ela.

Cena de Passione pela qual sou apaixonada: Da Clara como enfermeira, a cena em que a Bete expulsa a Clara. Da Clara com o Fred, a cena em que ele a expulsa de casa.

Personagem apaixonante na TV: Fernanda Montenegro como Charlô em Guerra dos Sexos (1983)

Música: Adoro Cartola, Nirvana e Caetano (Veloso). Estilo bem eclético!

Cinema: Macunaíma (1969). Lembrei do Paulo José, do Joaquim Pedro de Andrade.

Teatro: A Vida é Cheia de Som e Fúria, montagem do Felipe Hirsch, e A Máquina, do João Falcão.

Literatura: Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez.

Esporte: Basquete. Fiz oito anos de basquete, jogava em um clube e no colégio. Gosto de assistir futebol também, eu sou torcedora mesmo.

Gastronomia: Gosto de feijoada, é uma das minhas comidas preferidas. Também adoro chocolate e gosto de comer um bom peixe.

Tecnologia: Não sou muito de tecnologia. Player de música, eu gosto.

Consumo: Viagem. Adoro viajar, conhecer lugares diferentes.

Minha vida: Minha família e meus amigos.

Fonte: Globo.com (bastidores de "Passione".

Mariana revela os cuidados que tem com sua pele



Fonte: Contigo!